segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A presença e voz de Conceição Evaristo na Uneb, Campus II, Alagoinhas

Nos dias dezoito e dezenove de agosto do ano de dois mil e onze a cidade de Alagoinhas foi agraciada com a presença da escritora e intelectual negra Conceição Evaristo. A razão da vinda de Conceição se deu por vontade e força política de alinhar discussões de militância e culturas negras aproveitando a oportunidade da minha defesa de mestrado intitulada, “Transtextualidade em poesias negras diaspóricas: usos e sentidos na educação multicultural”, tendo como orientador prof. Murilo da Costa.

A palestra de Conceição versou acerca das questões raciais na sociedade brasileira, principalmente tomando como base exemplos na literatura e história. Todo o momento de sua fala marca seu lugar de mulher escritora e negra. Ela repensa a história ao questionar a hegemonia discursiva e social atribuída a movimentos como os inconfidentes e abolicionistas brancos, já que movimentos resistentes como os quilombolas, com exceção dos Palmares, ainda são pouco conhecidos por grande parte das pessoas.




Alinhada com a fala, afirma para ela ser a escrita uma prática de insubordinação que possibilita a fuga para o sonho e a inserção para modificação. Conceição também afirma que o silenciamento da mulher negra na literatura é um “não dito que diz”, já que o “silêncio tece vozes na história”, assim como a supervalorização de determinados fatos, em detrimento do apagamento de outros. Também ela nos provoca questionando o que a "ausência da presença" da mulher negra na história e literatura traz como consequência senão a negação da representatividade histórica e literária da matriz africana na sociedade?

Assim, frisa que a poesia negra é combativa e prisma pela permanente reflexão da história oficial brasileira que minimiza e/ou invisibiliza as condições de vida e produção de milhares de cidadãos negros e afro-brasileiros, cabendo, portanto as vozes negras atrelada a demais vozes resistentes denuncia “o que os livros escondem,/ (e) as palavras ditas libertam. E (assim) não há quem ponha/ um ponto final na história", consoante versos de Conceição contidos na obra, “Poemas da recordação e outros movimentos”.